quarta-feira, 6 de junho de 2007

Um Dia de Ônibus

Estou ficando acostumado a postar de madrugada, eu acho. Que infelicidade pra mim, prefiro mais ser aleatório. Pra se acostumar com as aulas de um certo professor soviét... eeeerm, russo que eu tenho.

Bem-vindo, pessoal! Alô, você! Dia de reviver o meu cantinho preferido da internet! Será que meu blog é mesmo meu cantinho preferido da internet, eu me pergunto? Não sei, eu faço uma enquete mais tarde.
Falando em enquete, aliás, eu lembrei que no meu outro blog eu tinha feito um quiz. Daqueles sites bobos cujos criadores não tinham nada pra fazer e fundam sites babacas na internet, sabe? Então, e eu fiz e postei lá. Eu tinha gostado daquele quiz, ficou simpático. É possível, em um espasmo de humor e vontade, eu fazer outro. Quem sabe?

Muito bem - postagem de hoje a caminho. Preparem-se!

Um Dia de Ônibus

Como eu já deixei exaustivamente explícito nos quilômetros de textos escritos por mim antes deste, eu sou um pobre rapaz. Não tenho muitas reservas financeiras para queimar com traquitanas nipônicas nem com trecos que nerds da Califórnia inventam. E também não tenho dinheiro para comprar uma mansão em algum lugar perto da Paulista ou com um sistema de transporte eficiente - digamos, o metrô. Já diria Dinho, dos Mamonas, "eu queria um apartamento no Guarujá, mas o melhor que consegui foi um barraco em Itaquá". Então, a vida vai andando assim. Apesar de eu não saber onde fica o Itaquá. Mas beleza, eu sobreviverei sem isso.
Muito bem, uma vez que não tenho a sorte de ser contemplado pelo Homem do Microfone Chumbado (vocês também o conhecem como Sílvio Santos) com alguns milhões de reais, encostei-me, como herança genética de família, em um lugar qualquer no meio do Limbo, na perifa paulistana. Na verdade, Limbo não. Limpo. Campo Limpo.
Quando você mora no bairro do Campo Limpo, quer ir para algum lugar e não tem lá essas técnicas avançadas de auto-locomoção a combustão fóssil (carro), tem que se virar com o glorioso sistema de transporte público urbano paulistano que, sabidamente, é um dos melhores do planeta. E se você não notou, agora estou sendo irônico.
Muito bem, lá está o Rafael em um ponto de ônibus. Primeira coisa a se notar sobre pontos de ônibus - o seu ônibus não segue qualquer regra de probabilidade e de rotina. Se você precisa dele mesmo mesmo mesmo, ele não vai passar. Ou, o meu preferido, você chegará ao ponto apenas para ver o ônibus arrancando ao longe, só pra que você saiba que vai ter de esperar o máximo de tempo possível até o próximo comboio. Aliás, comboio é como os tugas chamam os ônibus. E se você não precisa do seu ônibus, bem... ele também não vai passar. Ele só vai passar quando você realmente não quer ir para tal lugar. Visitar alguma tia chata, por exemplo.
Agora, por outro ponto de vista, pode até ser que o seu ônibus seja um daqueles que passe a cinco minutos. Mas é daqueles que vem tão lotado, mas tão lotado que um pum a mais e o ônibus vira do avesso que nem pipoca. E você vê chegar um ônibus mas, bem, esse não cabe mais ninguém, esperemos o próximo. E lá vem o próximo que... é, também não serve, está muito cheio ainda. E o próximo... Está lotado, não cabe. Não sei qual das opções seria pior.
Agora, bem, suponhamos que você, simpático protagonista da nossa história de hoje, suba em um ônibus. Sim! O triunfante momento em que você reconhece, ao longe, o letreiro que você tão ansiosamente aguardou ver. Dá sinal que nem uma torcedora frenética atrás de um jogador de futebol bonitão - ou não, o problema é seu. O importante é ser notado. Claro, porque senão pode acontecer do motorista ignorar sua suja e patética existência e passar por você. E você fica lá, com cara de indignado e tendo a impressão de que todos estão rindo de você. Azar.
Mas estávamos em uma parte feliz! O ônibus freou na sua frente e você embarca nele. Novamente, existem embarques e embarques. Existe o ônibus que pára no ponto em que você é o único ocupante, e ao entrar no veículo você é, praticamente, o único passageiro da história da linha. Ou há, também, os ônibus que chegam lotados em pontos lotados, e você mais 15 mil pessoas começam a guerrear para entrar no ônibus a qualquer custo e pegar um lugar legalzinho perto de algum lugar segurável para não cair nas curvas. Talvez pra você sobre ainda um espaço para bus surfing, mas eu não aposto.
Tiremos uma média das duas situações extremas. Lá está vossa senhoria, o passageiro. Agora vai começar para você uma loteria. Pode ser que você pegue um agradável veículo com bancos agradáveis, pessoas bonitas e simpáticas, uma agradável musiquinha de fundo ou, ainda melhor, sem musiquinha de fundo. Ou pode ser que você pegue uma perua sem-vergonha, que parece uma lata de sardinhas japonesas, tocando uma rádio evangélica e cheio de gente feia.
Aqui cabe explicação - gente feia não é gente sem apelo sexual. Gente feia é quem se veste mal, quem não se cuida, quem quer ser pobre chique... enfim, quer fazer do ridículo o belo. E gente bonita, analogamente, não é quem tem forte apelo sexual. Mas que se veste bem, que se cuida, que se senta direito, sem precisar ocupar os dois bancos do ônibus... Beleza pessoal nada tem a ver com perfeição física, estamos entendidos? Ótimo.
Dizia eu que você está lá, no ônibus que, supusemos, está semi-lotado. Você vai em pé, mesmo, não dói nada. E daí você pega alguns maus bocados com as pessoas tentando atravessar o corredor para desembarcar e, no meio do caminho, se esfregando em você. Imagino que para as damas esse esfrega-esfrega deva ser ainda mais indesejável, mas eu só posso imaginar. Até que vem a famosa passageira de um metro de diâmetro. Que vai passando e levando todo o chassi do ônibus com ela, um verdadeiro furacão. E você, incauto e indefeso, tendo sua ossada redistribuída dentro do seu corpo enquanto a dama de um metro de diâmetro te esmaga, impiedosamente, contra qualquer lugar do ônibus. Que azar, hein, amigo?
Eis que você se senta. Ao lado do vovô que está com problemas para manter a dentadura dele parada, ou da moça com setecentas sacolas, ou da mocinha que decidiu sair de casa com os seios de fora, ou com o cara que tem ombros de 3 metros de largura e você não consegue sentar no mesmo banco dele. Enfim, está você lá, sentado. A parte feliz da viagem, eu diria, enquanto você não pegar ninguém que esteja cheirando mal, ouvindo música alta em um iPod muito potente ao lado ou que decida conversar com você sobre assuntos chatos. Você, agora, pode dormir, pode fazer cruzadinha, pode estudar, pode até segurar as Maxi Goiabinhas do tio que está vendendo dois por um real. Viu que legal? Nada como viajar de ônibus sentado. ^^
E, por fim, a hora do desembarque. Aqui cabe a prudência, naturalmente. Lembre-se de apertar o botão - ou puxar a cordinha, se você mora em uma zona tecnológica igual a minha - para avisar o condutor de que você quer saltar daquela banheira móvel. Ele não é vidente nem psíquico, ele não tem como saber que você quer descer. Avise-o, sob pena de voltar todo o caminho que você está fazendo a mais, só que a pé. Caso o ônibus esteja lotado, certifique-se de ficar próximo da porta de desembarque ou, se não der, ficar perto da fila de pessoas que irão desembarcar. Não hesite em perguntar pro casal que está se desentupindo no meio do ônibus se eles pretendem descer pois, como falei, a pena é alguns minutos a mais de caminhada para você, amigo.

Andar de ônibus pode até ser um evento interessante, eu confesso. Eu, particularmente, posso apreciar paisagens, ver pessoas, observar movimentos e, na maior parte das vezes, colocar o sono em dia. Mas, é, eu hei de me conformar: mais feliz é quem tem um carro. Não, melhor ainda: mais feliz é quem tem um helicóptero. Não, é difícil estacionar um destes. Bah, o melhor mesmo é não ir. Ficar em casa na internet é muito mais lucrativo. Ir pra quê, se você já sabe o que tem lá? :D

Aliás, este post ficou meio grande, né? Eu tomei a liberdade de deixar ele bastante livre. Fui adicionando comentários a medida que fui pensando neles. Algo de diferente, eu acho. Ou não, sei lá. Bah, espero que gostem, vocês que vêm ler. E até um feliz dia de Junho!

Ouvindo:
She Moves in Her Own Way
Kooks
Inside In/Inside Out (2006)

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, eu iria lhe dizer que eu tive um ataque de risos ao ler o seu post, mas no exato momento você saiu u.u

Eu só tive o desprazer de ser esfregada igual uma flanelinha uma vez, que eu tava pegando o Vila Yara, só que o de Osasco
O bichinho vive lotado antes mesmo que vire a plaquinha do destino, mas como eu desço no último ponto, eu me dou ao luxo de me instalar em qualquer lugar :]

E depois porque eu continuo pegando o Vila Yara, só que o de barueri, então ele só lota uns seis pontos depois do meu ( o suficiente pra que eu consiga sempre ter um banquinho pra sentar ;] )

Mas a melhor coisa pra mim sempre é a fofissimidade das pessoas sentadas que se oferecem pra segurar pertences de pessoas em pé

Enfim, eu adoro pegar ônibus
Não tanto quanto eu adoro os simuladores de corrida, mas adoro no ponto (háá, ponto, ônibus, entendeu?) pra pegá-lo todo o santo dia


Beijinho tosco!

Anônimo disse...

Eu sou a favor de posts maiores como este. Eu sempre leio todos inteirinhos, nao me importo tanto com o tamanho.
Anyway, ótimo texto! A vida de quem pega onibus todo santo dia é uma aventura mesmo... um dia te conto as minhas histórias... hehehe
Beeeijos