quinta-feira, 12 de julho de 2007

Uma Filosofia para Banheiros

Good nite, my mates! (Favor, ler com sotaque britânico). Depois de jogar um simpático jogo que se passa na Inglaterra e ouvir um pouco os nativos da ilhota européia a falar, eu me senti inspirado para sair por aí falando no sempre interessante sotaque dos anglos. Infelizmente, este blog não passa áudio. Ou, melhor, até pode passar - mas pra isso eu teria que fazer um vídeo no tutubo e colocar online. E não, eu não estou com vontade. Prefiro fazer o good ol' textual. Nifty. ^^
Tá, Rafael, chega de anglicismos.

Devo adiantar meus pedidos de desculpa. Estou profundamente chateado comigo mesmo. Eu já nem gosto de deixar seis dias entre um post e outro, e dessa vez eu esperei ONZE dias. ONZE!! Que trágico... Mas nem temam! Eu ainda mantenho este blog! Vamos lá, vamos a ele!

Eu e Eu Mesmo
Uma Filosofia para Banheiros

Já se sentiu perdido? Sem saber quem você é? O que fazer? Quando tomar decisões? Não se encontra na vida? Chateado? Desmotivado? Sem vontade de cantar uma bela canção? :D
Não se espante, simpático primata inteligente. Todos nós, bem como todos os nossos ancestrais (inclusive Adam, a bactéria que originou a vida) um dia paramos tudo o que estávamos fazendo para nos perguntar: é isso o que eu quero fazer? Eu estou fazendo certo? Existe mesmo um Chuck Norris Todo-Poderoso que pode mesmo dar um Roundhouse Kick? Perguntas existencialistas são meio comuns quando estamos em situações ruins, como no meio de um monte de corinthianos revoltados, ou junto de duas mulheres de TPM em uma sala fechada, ou quando você descobre que precisa tirar 10,5 para não bombar a matéria. Enfim, quando você se sente um bosta, um reles chiclete na sola gasta de um sapato furado. Nestas horas, quando você se encontra neste ponto, sem saber o que fazer e onde procurar resposta, não vire emo. Dê uma chance para a vida, o sol e os passarinhos. Siga os ensinamentos do Buda: procure dentro de si. A resposta está no seu interior.
O negócio é saber em que interior, exatamente, procurar. O graaande problema dos nossos compadres humanos é que a maioria das pessoas procuram no lugar errado a resposta para a vida. Uns tentam a resposta no interior da carteira ou da conta bancária. Outros, no interior do coração. Outros, no interior da própria razão. Mas eu adianto que tudo isso é busca perdida, não dá em nada. No máximo, no máximo, você descobre que você não é a pessoa quem queria ser. E aí, se afunda em desgraça. Que terrível, né?

Mas não temam! Existe um lugar pra se procurar em que você vai obter respostas muito mais convincentes do que as respostas convencionais! Cansou de procurar? Revistou todas as gavetas? Aquele casaco seu que você não usa há seis meses? Até a sala de troféus do Rubinho Barrichello, que dizem as más línguas que é lá que os duendes escondem as coisas pra você não achar? É porque ninguém entra lá faz tempo... Seja lá como for: não, não é nenhum lugar esquisito assim, não. Quer uma dica? Vá cagar.

Estou falando sério! Ao se sentir pressionado pela vida, pela calça e pela feijoada, aprume-se e marche para o cantinho mais íntimo de todos os caras de uma casa. Lá, no banheiro, você e seu eu interior se comunam, se tornam uma pessoa. Enquanto uma parte de você está, bem... está trabalhando, a outra parte foca seus devaneios em assuntos importantíssimos. Pensando no ontem, no hoje, no amanhã. Quem é você, o que é você, quando você passou a ser você, se você é você ou o vizinho. O que você realmente gosta na vida. E o que não gosta. E o que poderia passar a gostar se te pagassem... Em um ambiente destes, você se sente quase como se encontrasse o Criador, o Cara das Respostas, o Mano que Manda. Ou como se você encontrasse um FAQ (acrônimo de "frequently asked questions", ou questões freqüentemente perguntadas, é onde os caras colocam respostas pertinentes a dúvidas corriqueiras). Você, de um jeito ou de outro, recebeu a oportunidade de encontrar a resposta. E ela não está escondida atrás do arco-íris, nem em Eldorado, nem dentro da sala de troféus do Palmeiras, que também está sem visitantes a anos. Ela está, como o amigo Buda nos lembrou, dentro de nós mesmos.
Em sintonia conosco, passamos a nos entender melhor. Sim, salvo lembrar que o momento é catalisado pelo alívio de tensão que está sendo praticado. Sem tensão, o cérebro alivia e pensa melhor. Às vezes pensa em bobagens, como "legal, tem 75 azulejos nessa parede". Mas pensamentos brilhantes estão em qualquer lugar.
Vejam um exemplo. Thomas Edison é lembrado por nossas gerações como um cara altamente inventivo que saiu por aí inventando coisas. O edredon, o pôquer, o golfe de salão, a bazuca portátil, todas são invenções corriqueiras deste americano fanfarrão. Mas a maior e mais interessante de suas invenções foi, sem dúvida, a lâmpada incandescente. Claro que há controvérsias, uns acreditam que foi o golfe de salão e outros lembram que ele inventou o termo "É uma brasa, mora?". Especula-se, entretanto, que ele não patenteou pela sua dificuldade em pronunciar o Português.
Viagens na maionese à parte, Tom estaria lá, coitado, na dele. Um belo dia de Abril, ele estava a filosofar em sua própria companhia no lugar mais agradável da casa. Acontece que como Tom Edison ainda não havia inventado a lâmpada incandescente, bem, ela não existia. Então as pessoas andavam com velas, que eram inconvenientes, porque queimavam, às vezes, lugares indesejáveis. Edison pensou, então, que deveria existir um jeito de deixar a vela na dela, sem que ela caia e queime a cortina. Então ele pensou em colocar a vela em uma redoma de vidro! E, talvez, não fazer queimar parafina. Talvez querosene!! E então, ele inventou o lampião! Naturalmente, ele ficou muito frustrado ao descobrir que o lampião não só existia, como já era amplamente usado em Detroit, cidade que ele freqüentemente visitava em seus dias jovens. Mas ele se animou para inventar a lâmpada, posteriormente. Para nosso bem, ele não era um emo frustrado.

O exemplo de Edison é notável. Recluso em sua bolha de pensamentos, Tom colocou seus neurônios para funcionar depois de um ligeiro aditivo, e teve o princípio da idéia que o faria para sempre famoso. Mas não é só o vaso sanitário que nos proporciona momentos de paz interior. A gente pode, por exemplo, tomar banho.
Debaixo de um chuveiro, liberamos outra faceta nossa - a de realizador de desejos. Nenhum ser neste planeta sabe explicar satisfatoriamente o que acontece com um ser humano que o faça, num átimo de felicidade, começar a cantar Avril Lavigne ou Manowar, começar a duelar esgrima, arrotar o alfabeto, treinar paqueras, encenar O Fantasma da Ópera... Mistério. Mas é a pura verdade - dentro do box do banheiro, você é livre para ser quem quiser. E tome cantoria desafinada, e o que mais você quiser fazer enquanto ninguém está olhando. Ouvindo, talvez. Mas não olhando.

Viram que interessante? Todos os anos nós estivemos procurando coisas que nos façam felizes, mesmo que instantaneamente. Fumando uns cigarrinhos do Diabo, batendo nos nerds na escola, pegando o gato pelo rabo, assistindo Banheira do Gugu... Acontece que a resposta para nossos problemas não precisa de nada muito difícil. Quatro paredes, algumas louças e uma porta são o suficiente para que você se encontre. Passemos nossos tempos de angústia nos concentrando e encontrando a felicidade última! Melhor do que vislumbrar o Paraíso é poder chegar lá! \o/
E lavem as mãos depois de sair, por favor.

Ouvindo:
Valley
Doves
Lost Sides (2003)

3 comentários:

Lili disse...

Poxa, Rafa. Lindo demais esse, viu? Me inspirou. Acho que vou tomar um banho relaxante e deixar a cantoria desafinada rolar solta.
Beijão.

Bola disse...

Vou ser sincero:

"A resposta está no seu interior" soou suspeito pra mim. Esses são-paulinos de hoje em dia, viu...

Keep going the good work!

Gaius disse...

Cara, sabe que eu também já tinha tido essa idéia? Incrível como banheiros e seus acessórios fazem parte de nossas estúpidas vidas. Agora vou ler com freqüência seu blog pra ver se você repete alguma das citações. E ah, vou querer créditos dessa vez hein!
Aquele abraço