terça-feira, 28 de agosto de 2007

A Lei de Murphy Esmiuçada

Eaê, cambada de desocupados! Como estão as coisas? :D

Muito bem! Se vocês acharam que eu viajei geral na última postagem, dessa vez eu vou ser mais pé-no-chão. Fiz uma extensa pesquisa em mais de 95 universidades diferentes ao redor do globo para lhes fornecer dados concretos, concisos e precisos sobre a nova postagem. Wow, hein?
Tá bom, mentira. Quando muito, olhei a Wikipedia anglófona. Yes, como sou culto.

UTILIDADE PÚBLICA
A Lei de Murphy Esmiuçada

Um paradigma moderno. Um muro inexorável. Uma das últimas verdades do Universo. A Lei de Murphy é um impressionante mito erguido no recém-concluído Século XX que, entre outras coisas, viu também eventos e celebridades tão importantes quanto, como, a exemplificar, o cubo mágico - qualquer dia, se for do interesse de vocês (ou não) eu reposto aqui o post que fiz eu sobre o cubo mágico, no meu antigo blog - e o Michael Jackson e o Enéas Carneiro... Todos eles manifestações de seres de outros planetas. Mas a Lei de Murphy não. A Lei de Murphy foi criada no solo deste planeta azulóide em que vivemos. Levantou-se despretenciosamente, e hoje, é um dos adágios mais firmes da Civilização Ocidental. Impressionante, né?
Talvez não seja tão impressionante se você não sabe o que é um adágio. Eu mesmo não sabia e, humildemente, explicarei o que significa a palavra. Um adágio é uma frase que ficou popular, por ser absurda, por ser factual, por ser metódica, por ser cruelmente verdadeira... enfim, por ser notável. Vocês, plebeus, devem conhecer o termo "adágio" como "provérbio", ou "dito popular". Que palavreado mais chulo.
Muito bem! Um dos adágios mais firmes da Civilização Ocidental, bradava eu. Mas pra ser uma lei, ela teve que nascer de algum lugar, não é mesmo? Como esse adágio tem um nome, ficou mais fácil ir atrás do criador dela. Conheçam Edward Aloysius Murphy, Jr.

Edward Murphy, Jr. o Ed, é o mais velho filho de uma turma de cinco e, por isso, foi o primeiro a ser nomeado e, por isso, herdou o nome do excuso genitor, o seu pai. Ele nasceu na Zona do Canal do Panamá no inverno de 1918. Na época, o Canal do Panamá era criação recente dos Estados Unidos e Fodásticos da América e, como parte do acordo, o Canal do Panamá (bem como algumas cidades marginais) seriam território dos EUFA. Ed nasceu em uma dessas cidades marginais e, portanto, era norte-americano.
Seja lá como for, ele cresceu em Nova Jersey, e se formou na Academia Militar de West Point em 1940. No mesmo ano de sua formação, ele aceitou o ingresso para a Força Aérea americana e foi pilotar aviõezinhos. Chegou a brincar de soldado durante a Guerra Mundial - Round 2, e conheceu a Índia e os vizinhos pequerruchos ao lado dela. Depois da pancadaria entre americanos e nipos, nosso amigo Ed entrou no Instituto de Tecnologia da Força Aérea Americana, onde foi trabalhar na área de Pesquisa e Desenvolvimento - i.é., foi criar novos brinquedos.
Oh, uma vida notável, a do bom amigo Murphy. De onde, então, ele tirou tanto negativismo e rancor para pronunciar um dos símbolos do pessimismo moderno? Ah, vejam bem - A Lei de Murphy não é uma lei pessimista, em essência.

Edward Murphy era, como falei, da área de P&D. Ele pesquisava coisas pra descobrir como essas coisas se tornavam úteis (e lucrativas). Ele e seus coleguinhas de trabalho estavam, no feliz ano de 1949, engajados em uma pesquisa sobre a Força G (a força da aceleração da gravidade, lembrem-se das aulas de Física Mecânica). A idéia era descobrir qual era a tolerância de um ser humano simples a, digamos, uma rotação acelerada. O teste era, então, criar uma cadeirinha que ficava rodando, enquanto sensores mediam números muito importantes para descobrir, afinal, qual é a velocidade do brinquedo que faz a gente botar o almoço pra fora.
Acontece que depois de realizados alguns testes, os engenheiros vieram a descobrir que os sensores não mostravam nada. Haviam sido instalados equivocadamente, e não iam medir nada de interessante. De que adianta fazer testes se não vamos saber o resultado deles? Num átimo de angústia, Murphy teria dito que era pra tomar cuidado quando fosse construir as coisas, pois "se existir uma maneira de algo ser feito de forma errada, haverá alguém que o fará". Longe de ser pessimista, ele só alardeava que era pra se tomar cuidado no processo de construção, para que evitassem de dar aos usuários uma opção que possa conduzir o erro. Se todas as ações erradas forem previstas antes e forem corrigidas, o modelo está a prova de falhas, e aí, então, não vai existir mais uma maneira errada. E não vai dar errado! Isso é o que os engenheiros nomeiam "Engenharia Defensiva". E é essa a idéia original da Lei de Murphy.

A Lei ficou famosa no Instituto que Murphy trabalhava, bem como no meio acadêmico da Engenharia. As pessoas usavam o adágio do Dr. Murphy como uma maneira de dar ênfase à cautela na hora de se criar projetos. Aos poucos, entrentanto, aqueles que tomavam conhecimento dela acabava usando essa lei pra culpar a cagada nossa de cada dia. A partir daí, bem, um festival de negativismo.
A Lei de Murphy é usada, como bem sabemos, para explicar vários tipos de situações cotidianas, como a fila de banco que você pegou ser a mais demorada, chover justamente quando você não tem um guarda-chuva, e outras aplicações infelizes. A vida é sombria, meus caros, e não adianta a gente tentar se safar. Contam que fizeram um up-grade da Lei de Murphy, conhecida como a Lei de Finagle, que diz que "qualquer coisa que puder dar errado dará - no pior momento possível". Um show de otimismo e positivismo de nossos amigos do Norte.
A partir daí, a Lei de Murphy foi estudada e reinterpretada de diversos modos. Alguns "estudiosos" nos recordam que a Lei de Murphy não funciona se ela for usada com proveito próprio. Por exemplo: "sempre que eu esqueço de levar o guarda-chuva, chove". Você não pode, por exemplo, deixar o guarda-chuva propositadamente em casa para que chova usando da Lei de Murphy. Ela, assim, não funciona. Isso nos leva ao Paradoxo de Silverman "Se a Lei de Murphy puder falhar, ela falhará".
Outra versão desse estudo sobre Murphy nos diz que a Lei de Murphy só se aplica em um Sistema de Murphy; ou seja, um sistema em que a Lei de Murphy seja conhecida. Se supusermos um sistema em que não haja conhecimento dela (um grupo de idiotas felizes, por exemplo), a Lei não vale, e o sistema andará em perfeita harmonia, ainda que tenha notáveis falhas. Uma aplicação do Paradoxo de Silverman, quiçá?

Resumo da ópera: Edward Murphy, Jr. era um homem otimista, com uma carreira de sucesso e uma vida longa pela frente (morreu em 1990, aos 72 anos), que em um dia de frustração cunhou o estandarte dos fatalistas mais negativos e depressivos, e pessimistas em geral. É como se esperássemos que, em um dia, um liberal fosse idolatrado por conservadores! Mas, veja bem, talvez isso tudo fosse uma outra Lei de Murphy: Eddie lutou a vida toda pra ser simpático e otimista com a vida. Mas acabou sendo lembrado por criar o símbolo da nossa vida azarada do dia-a-dia. Ô Lei de Murphy que não falha nunca, hein, Eddie?

Esse post, para fins de bibliografia, deve seus méritos ao artigo "Murphy's Law" e "Edward A. Murphy, Jr.", ambos da enciclopédia online, a Wikipedia, em sua versão em Inglês. Mas os lucros com as vendas deste texto deverão vir para mim. =D

Ouvindo:
Rock the Casbah
The Clash
Combat Rock (1982)

2 comentários:

Anônimo disse...

Raafaaa, eu já disse que sou tua fã? :D
Você escreve tão bem!
Cara, eu sempre achei que Murphy era um azarado pessimista... mas isso não vem ao caso :)



=*

Anônimo disse...

Gostei! =D
interessante...